Dicas de Fotografia

Deixando as câmeras enormes de lado: por que migrei para mirrorless

Em 2012 já tinha gente falando que as câmeras grandonas, chamadas de DSLR, logo seriam substituídas. A nova geração de câmeras seria uma geração compacta: com a qualidade da tecnologia mais modernas e com a portabilidade das antigas câmeras 35mm.

E essa nova geração já estava chegando: as chamadas mirrorless. Mirrorless quer dizer, literalmente, “sem espelho”. Veja abaixo a diferença entre uma câmera DSLR e uma mirrorless, e onde fica esse tal espelho.

espelho

Meu desenho não tá lá muito perfeito, mas veja que a grande diferença de tamanho entre uma câmera DSLR e uma mirrorless existe justamente por causa deste espelho. Ele reflete a luz para um pentaprisma, que reflete para o visor, para que desta forma seja possível ver o que estamos fotografando. Se tiramos tudo isso, o esquema fica muito, mas muito mais simples.

(Aí a única forma de ver o que estamos fotografando é do mesmo jeito que acontece com celulares e câmeras compactas: pela tela LCD, e isso só foi possível a partir do momento que descobriram como fazer isso sem ferrar com o sensor, a parte mais importante da câmera.)

Achei bastante interessante! Imagina só uma câmera que além de ter uma qualidade bacana e controles avançados, é ao mesmo tempo leve e portátil?

É claro que desde que entrei no mundo da fotografia aprendi que quanto maior seu equipamento, mais profissional você parece. Mas logo percebi que as lentes grandonas, o parasol, o grip e outros acessórios não valiam o peso que aumentavam nos meus ombros. Ano passado escrevi um post falando sobre isso, listando alguns dos meus equipamentos da época.

Desde 2012 eu estava de olho nessas tais mirrorless. Mas meu plano era trocar de equipamento somente a partir de 2014, quando minha câmera seria oficialmente descontinuada. Além disso, não sou muito do tipo early adopter: não sou a primeira da turma a comprar as novidades. Gosto de esperar o negócio pegar jeito. E as mirrorless ainda tinham alguns pontos para melhorar – inclusive o preço.

Depois de 2 anos ponderando a mudança, chegou o momento! Este ano, em julho de 2014, migrei para uma Fujifilm X-T1.

mirrorless-claudia-regina

cabe na palma da mão, yey!

(Como escolhi o modelo? Simples: um amigo tinha essa e elogiou bastante, então eu comprei uma igual.)

Algumas pessoas já indagaram como foi a mudança e a adaptação pro novo sistema. Se você tem as mesmas dúvidas, vamos comigo:

Pra começar

Comprei a Fujifilm X-T1 e mais duas lentes: a 10-24mm f/4 e a 35mm f/1.4. Comprei na Daleprostore e o atendimento do David foi muito bom (não estou ganhando nada para indicar.) Logo que ela chegou já providenciei o seguro na Ação Absoluta Corretora (já falei dela aqui no blog e agradeço ao André pela parceria.)

Não entende desse negócio de lentes? Clique aqui e saiba o que são esses números e letrinhas.

Essas duas lentes são equivalentes às duas que eu já usava no meu sistema Canon (uma zoom grande angular e uma 35mm f/1.4). Mantive exatamente as duas lentes porque eu já estava contente com elas. Faço basicamente dois tipos de fotos: retratos e algumas fotos de viagens, e as duas resolvem bem para esse meu caso.

As diferenças

Tamanho e peso

Bom, a primeira diferença é a mais notável: eita câmera pequenina e leve! Ela ainda é maior do que um celular ou do que uma compacta básica, é verdade, mas já é um alívio danado. A minha lente 35mm da Canon pesava mais de meio quilo (600 gramas), e a 35mm da Fuji pesa menos da metade disso (187 gramas)!

amanda

ISO 200, 35mm, f/1.4, 1/500seg
retrato – por claudia regina

Esses dois pontos foram decisivos pra mim.

1. O fato de ser pequena. Pois fotografo pessoas e acho muito chato apontar uma câmera que parece uma arma para a cara delas.

2. O fato de ser leve. O pescoço agradece.

(Durante o ano de 2014 viajei bastante e, como só levo mala de mão, ter um equipamento pequeno e leve ajuda muito também!)

Já me perguntaram se não é difícil de segurar a câmera, por ela ser tão pequena. Como tenho uma mão pequena também, consigo segurá-la tranquilamente e isso não foi um problema.

Visor ótico X Visor eletrônico

A segunda diferença é que as câmeras mirrorless, por definição, não possuem o visor ótico. Algumas mirrorless não possuem nenhum visor. O modelo que comprei tem um, mas o que vemos nele é o mesmo que aparece no LCD. É o que chamamos de visor eletrônico. Já fazia bastante tempo que eu não usava o visor na minha Canon, pois prefiro fotografar usando o LCD (tanto para não me esconder atrás da câmera ao fotografar pessoas e poder olhar no olho delas, quanto para usar o foco manual.) Por esta razão, este ponto não fez muita diferença para mim.

ISO800, 24mm, f/6.4, 1/250segserra vermelha/PI - por claudia regina

ISO800, 24mm, f/6.4, 1/250seg
serra vermelha/PI – por claudia regina – CC

Ainda assim, o visor eletrônico da Fujifilm é muito bom, e arrisco dizer que é muito mais bacana que um visor ótico. Por exemplo: eu fotografo em preto e branco direto na câmera, e o visor eletrônico também fica preto e branco :-)

Uso a configuração de preto e branco na própria câmera, assim vejo pelo LCD (e agora também pelo visor) a foto em preto e branco, além do resultado na visualização da câmera também em preto e branco. Mas como fotografo em RAW, ao baixar as fotos no computador, tenho a opção de vê-la colorida, como estaria originalmente.

Foco by wire

O interessante deste conjunto da Fujifilm é que ele tem uma carinha de mecânico mas é todo todo eletrônico. Você gira um botãozinho em cima para definir o tempo de exposição ou o ISO, e a mudança é eletrônica. Essa parte parece óbvia, e já era assim no caso da minha DSLR, que tinha botões eletrônicos também (claro). Mas precisei me adaptar um pouco em um caso específico: o foco manual. Me acostumei a usar o foco manual e, nas lentes da Canon, o anel de foco na lente era mecânico. Ou seja: o anel de foco era ligado diretamente ao mecanismo das lentes dentro da objetiva que fazia o foco. No caso da Fuji, o foco é “by wire“: ao girar o anel da lente é enviado um sinal eletrônico para a câmera que manda o sinal eletrônico para a lente mexer as lentes dentro da objetiva. É rápido, mas não dá pra “sentir” tão bem quanto com o sistema mecânico. Demorei um pouquinho, mas me acostumei com o novo jeito de focar manualmente.

retrato - por claudia regina

ISO 200, 35mm, f/1.4, 1/125seg
retrato – por claudia regina

Na verdade, focar manualmente ficou mais fácil, pois usando o LCD ou o visor é possível ter vários assistentes de foco (como uma simples aproximação da área de foco ou um pico de cor onde está o foco.)

A Fuji mandou bem nesta câmera

A coisa mais linda desta câmera é que ela é bem simples. Embora pareça confusa numa primeira olhada, na verdade ela possui pouquíssimas opções. Só o mínimo necessário mesmo. São botões e dials diretos para as configurações mais importantes (abertura, tempo de exposição, compensação, ISO, modo de fotometria e modo de disparo) e poucos botões além disso. O menu é enxuto. Dá pra ver que é uma câmera feita só para fotografar, sem muitas frescuras. Ponto pra Fuji que, ao contrário das outras marcas, focou no que é importante e não em agradar todos os públicos existentes no universo.

ISO 500, 10mm, f4, 1/15segjoão pessoa/PB - por claudia regina

ISO 500, 10mm, f4, 1/15seg
joão pessoa/PB – por claudia regina – CC

Pra completar, a câmera é robusta. Mesmo sendo leve, ela é feita de materiais robustos e não plástico. Espero que isso signifique que poderei ficar com ela por tempo indeterminado.

O resto ficou igual

Sinceramente, não senti mais nenhuma grande diferença além dessas. Continuo fotografando igual, com as mesmas lentes, e a câmera tem a mesma qualidade da minha antiga Canon 7D (as duas possuem sensor APS-C), logo ao olhar minhas fotos nem eu vejo a diferença na troca.

Por causa disso, só vi vantagens.

Fotos

Todas as fotos que ilustram este post foram feitas com a nova câmera. Este não é um review completo da Fujifilm X-T1 e naturalmente a minha experiência é bastante específica pro tipo de fotos que faço. Talvez as mirrorless não sejam o ideal para você, mas certamente vale a pena dar uma olhadinha mais a fundo :-)

 

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sobre a autora

De mãos vazias, Claudia Regina segura a pá. Anda a pé, montada no touro. Cruza a ponte, e ela flui, mas a água não.

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